Manual da Criança Cientista

O Manual da Criança Cientista é um projeto de ciência, arte e cultura da Escola de Educação Infantil Upiá. Apresentado em fascículos, o Manual traz poemas e textos curtos, ilustrações e sugestões de experiências científicas e artísticas. Tudo o que as crianças precisam é da curiosidade nata delas e um adulto leitor e desafiado a buscar informações e respostas para as mais diversas perguntas sobre o mundo.

Em parceria com a editora local @firmatecla, em Abril lançamos o primeiro fascículo do Manual da Criança Cientista, com o tema “Laboratório de Criança”.

O fascículo de Geologia está sendo aquecido pela impressora da Firma Tecla, em breve nas mãos dos Bem-te-vis, Andorinhas e Sabiás da Upiá.

ℳ𝒶𝓃𝓊𝒶𝓁 𝒹𝒶 𝒞𝓇𝒾𝒶𝓃𝒸̧𝒶 𝒞𝒾ℯ𝓃𝓉𝒾𝓈𝓉𝒶

Cuqui edita ilustrações próprias e de Gaia

Editorial, poemas e textos por Gaia e Renata Freitas

Diagramação feita pela Cuqui

Renan Cardozo e Lais Soler foram os revisores do primeiro fascículo.

Feliz aniversário, Maria Montessori!

Hoje comemoramos o 150º aniversário de nascimento de Maria Montessori, que inspira e fundamenta nossas práticas cotidianas em nosso fazer e ser escola, seja enquanto brincamos pelos espaços da escola, seja neste momento em que brincamos de casa.
Talvez, você conheça Montessori por materiais (tão importantes em seu método), especialmente os de ordem sensorial, ou ainda, por sua proposta de acessibilidade dos ambientes onde a criança está inserida, com móveis e utensílios adaptados a sua altura e etapa de desenvolvimento.
Sua atualidade reside, para além destes fatores, especialmente nas concepções que influenciam este movimento de tornar a criança pertencente e atuante nos espaços onde vive e transita. Ao observar atentamente as crianças com quem conviveu nas escolas e nos espaços onde com elas conviveu, Montessori percebeu a importância de torná-la e permiti-la ser sujeito, que possui interesses espontâneos, sua própria individualidade e anseia a autonomia.
É preciso permitir que a criança possua liberdade para desenvolver-se, guiada pelos adultos não só por estes ambientes, mas pela própria vida. Para isso, Montessori nos convida, por sua extensa teoria e prática, a observar: quem é a criança?

Feliz aniversário, Maria Montessori!

#escolaupia #educacaoinfantil #pelotas #mariamontessori

Parabéns Terra, mais uma volta ao Sol foi concluída!

Por Gaia e Laís Soler

Nesta semana o terceiro planeta mais próximo do Sol fez aniversário, a Terra. Mas como comemorar o seu aniversário em meio a uma pandemia? Como celebrar diante de uma crise climática? O que fazer com o exacerbado consumismo e geração de resíduos? Como proteger nosso planeta das ameaças globais? Qual o nosso papel político e humanitário com a Terra?

Geralmente, quando falamos no dia da Terra, pensamos em ecossistemas distantes do nosso, uma fonte inesgotável ao nosso dispor. Entretanto, como o movimento #FridaysforFuture, criado pela estudante Greta Thunberg, nos lembra, não é um lugar distante que está em colapso: é a nossa casa! Precisamos cuidá-la e protegê-la em conjunto com as crianças, promovendo a reflexão crítica acerca do mundo, de nós e dos outros.

É importante pautarmos debates sobre o aquecimento global, preservação do meio ambiente e consumo de água, como também conversarmos sobre economia sustentável e atitudes que nos ajudem a proteger nossa casa, a Terra. Para pertencer e, também, protegê-la precisamos nos engajar política e humanitáriamente, logo, por este motivo, as crianças devem estar presentes.

Na Escola Upiá, aderimos ao movimento #Fridaysforfuture para fomentar estas reflexões através da literatura, arte, política e educação ambiental, valorizando a infância e suas atividades políticas. Para continuar nossos debates e reflexões em casa, a Escola Upiá convida as famílias e seguidores para participar do movimento Apagão da Upiá (#apagaodaupia). Toda sexta-feira reserve 1 hora do seu dia para não consumir energia em casa: faremos um apagão coletivo em defesa da Terra e do movimento estudantil #fridaysforfuture. Usem as hastags #apagaodaupia e #fridaysforfuture para participar, aproveite o momento e convidem as crianças para conversar e brincar.

#escolaupia #educacaoinfantil #pelotas #apagaoupia #fridaysforfuture #planetaterra #economiasustentavel #greveclimatica

O que há para além de uma caixa?

por Laís Soler e Roberlânia Moura

Como escola que se orienta pelas postulações de Maria Montessori, a preparação do ambiente que receberá as crianças nos cotidianos tecidos pela Upiá é o primeiro e, talvez, um dos mais importantes movimentos que antecedem o brincar. E é assim que a caixa surge cheia de intencionalidade pelas salas da escola.

As crianças se aproximam da caixa curiosas: o que seria aquela novidade colocada bem no meio da sala? A aproximação é sem receios: a caixa, sem muitas apresentações, vira berço, que vira carro, que vira canoa, que vira trem, que vira fogão e um avião para uma viagem rápida a Porto Alegre ou ao Laranjal. E, assim, sua composição permite que a cada dia ela seja instrumento de um enredo diferente.

Mas é possível brincar em uma ou com uma caixa? Ela provavelmente não tenha o apelo visual de cores de um brinquedo industrializado, por exemplo, e por suas características simples é que se dá a mágica da brincadeira não-estruturada: a imaginação, que desafia, diverte e torna qualquer material de brincar muito mais interessante. A potencialidade criativa que um material oferece àquele que brinca é proporcional à sua simplicidade. Não é preciso que venha imbuído de sugestões para que haja brincadeira, ela acontece naturalmente!

20200302_170202

O brinquedo é apenas um meio para o brincar; não possui conteúdo imaginário, ainda que possa sugerir enredos. O conteúdo imaginário está com aquele que brinca e, em especial, na criança que possui como linguagem primeira o brincar. Qualquer material transforma-se nas mãos de uma criança. Há ainda a potencialidade de exploração, sensorial, espacial e lógica, dos materiais oferecidos. Você já ouviu o som e sentiu a trepidação que a caixa faz quando a pintamos rapidamente com giz de cera?

Quando deixamos a nossa imaginação livre, surge uma lista enorme de opções divertidas para interagir com as crianças e nesta nova forma de brincar, aliás, elas são as autoras mais criativas e mais espontâneas. Brincar é a linguagem da criança. Quando brinca, ela aprende, se desenvolve, movimenta, cria e experiencia os sabores e texturas do entorno que descobre e desbrava nos cotidianos dos espaços que percorre em sua primeira infância.

20200302_154238

Nesta fase de isolamento social, precisamos ter alguns cuidados extras para que a brincadeira seja apenas mais um momento feliz. Cabe salientar que as caixas utilizadas devem ser as que já estejam dentro de nossas residências pelo menos há quinze dias. Os estudos sobre o período que o corona vírus permanece vivo em cada tipo de material e superfície ainda estão em desenvolvimento, portanto, é necessário ainda mais cuidado com os objetos que levamos para dentro de nossas casas. Desta forma, a preocupação dará lugar apenas as novas possibilidades de entrar no mundo da imaginação e descobrir o quanto é divertido brincar com caixas.

Carrinhos de madeira: pensar a mobilidade para além do consumo estético.

Certamente todos os que já passaram ou fazem parte da Upiá já ouviram/ouvem falar dos brinquedos artesanais que estão nas salas. Mas você sabe quem os produziu? Qual a intenção deles?
Nas semanas que antecederam a suspensão das atividades o assunto mais comentado nos corredores era os novos carrinhos de madeira. Dado esse fato, pedimos que o artista visual Maurício Pons, que atua na oficina “Barro Duro” da Escola Upiá, falasse mais desses novos brinquedos para a gente.

Oficina de argila “Barro duro”, na Escola Upiá.

“Carrinhos de madeira: pensar a mobilidade para além do consumo estético”, por Maurício Pons.

Nos últimos anos, realizei a produção de duas séries com designs diferentes para as crianças da Escola Upiá. A primeira série foi confeccionada a partir de modelos de veículos convencionais: carros, ônibus e caminhões, e a segunda foi produzida a partir da ideia de veículos futuristas.
Em ambas as séries, cada carrinho é único e possui características variadas, tendo como referência brinquedos sugeridos por pedagogias libertárias de aprendizagem Montessoriana e Waldorf. Os brinquedos foram produzidos com o reaproveitamento de materiais, madeiras que um dia já foram outros objetos e, para os eixos, optei por utilizar lápis de cor.

Ateliê de Maurício Pons, espaço de produção dos carrinhos de madeira.


Os brinquedos são pensados para o livre brincar, assim, as madeiras foram tratadas com óleo de linho e azeite de oliva, para as crianças poderem experimentar as texturas com todos os sentidos, podendo colocar na boca sem medo, pois não possuem nenhum verniz de origem química como convencionalmente encontramos no mercado.
As duas séries de carrinhos são desenvolvidas com o propósito de proporcionar ergonomia para as mãozinhas dos pequenos, portanto não possuem cantos retos ou ângulos pontiagudos que possam dificultar o manuseio ou machucar na melhor hora, a hora da brincadeira!
A série dos carrinhos futuristas possuem um círculo no centro, dando a ideia de janelas, mas o principal intuito é poder servir para as crianças de 0 a 2 anos que tem as mãos pequeninas, facilitando, assim, a empunhadura para o manuseio quando estiver brincando. Cabe ressaltar que cada carrinho foi feito individualmente e a mão.

Projeto dos carrinhos e um dos modelos desenhados por Maurício.